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“A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar.” RA







Salvador x La Corunha

Muita gente tem me perguntando como é morar na Europa, quais são as principais diferenças em relação ao Brasil, etc. Realmente, existem muitas coisas diferente. Um oceano separa muita coisa: são outras pessoas, outros costumes, outras regras. Mas para mim já ficou claro que não é questão de melhor ou pior.. são apenas culturas diferentes. Tudo bem, aqui na Europa na maioria das vezes se tem mais segurança, mais qualidade de vida, etc... isso é fato. Mas o Brasil também tem muitas coisas para oferecer... tem pessoas maravilhosas, e locais também. Talvez se existisse um pouco mais de comprometimento das pessoas em geral, não estaríamos a todo o momento desvalorizando o nosso país.

Realmente, aqui eu vejo a cada dia muitas coisas que não imagino no Brasil, mas que acho que o nosso país poderia aprender:

  • aqui em Coruña basta você parar em frente à faixa que os carros param. Ainda não me acostumei com isso...  muitas vezes acaba que paro para esperar alguém e os carros já estão parando;
  • os bancos possuem caixas automáticos nas suas fachadas externas, voltados para as calçadas.. e dia e noite as pessoas sacam dinheiro e tudo mais, sem receio de ladrões e similares;
  • as mães saem para passear com seus bebês! sim, o que mais se vê aqui nas praças são crianças brincando felizes e contentes, e mães com carrinhos de bebê e crianças lindas, de bochechas rosadas, sendo transportadas dentro deles;
  • os shoppings aqui são vazios. Isso mesmo,  vazios. A densidade máxima deve chegar a metade do Shopping Itaigara num dia de segunda feira. E no domingo, só abrem os cinemas. O que as pessoas fazem, então? Estão em família, utilizam os espaços públicos;
  • aqui, se você, mero pedestre, atravessa a rua com o sinal verde, as pessoas de olham feio;
  • em Coruña não existem carros estacionados na calçada, e muito menos flanelinhas.. aliás, o principal transporte utilizado aqui são as pernas. Eu mesma só pego ônibus para ir a faculdade (um ônibus específico, pois a mesma está longe do centro) e quando preciso ir ao shopping;
  • imagina sair de uma festa em Salvador e voltar pra casa andando em qualquer momento da madrugada, mesmo que você more a kms de distância. Não imagina?  Aqui é o que acontece... Não importa a sua idade, a única coisa que vai te incomodar é o frio, não importa o beco o ruela que você tiver que atravessar.
  • aqui em Coruña não se pode comprar bebida alcoólica em supermercados a partir das dez da noite, e também não se pode beber nas ruas. Se você quer beber, é melhor que esteja em um bar ou na sua casa.
  • aqui também a coleta seletiva é realmente levada à sério. O lixo daqui de casa ocupa 10298873 m², só para ter o espaço de cada coisa. E como os prédios não possuem porteiros, somos nós que descemos com eles e os jogamos no lixo correspondente.
  • nos bares e boates a maioria você não paga para entrar, e sim a sua consumação. E a noite aqui começa tarde, bem tarde. Ao que parece, o pessoal faz um happy hour pós trabalho, vai para casa jantar, faz uma siesta nortuna.. e só sai pra festa a noite a partir das duas da manhã! A maioria dos pubs e boates pequenas fecha as quatro e meia da manhã, e as pessoas então seguem pra uma espécie de "After Party", que acontecem em boates maiores e que bombam a partir das cinco...

Mas também aqui vejo algumas coisas que lembram a minha cidade, mas em proporções bem diferentes!

  • existem ambulantes, e todos os que vi até agora são imigrantes africanados de países como Guiné... mas eles são poucos e se destacam da população em geral pelo tom da pele.. aqui não existem morenos, ou você é branco ou negro.. e se for negro, 90% de chances que é imigrante.
  • a cidade é toda pixada. Sério, existem vários pontos de pixação, daquelas que nem eu nem você consideraria uma forma de arte. Algumas se assemelham a sujeira, abandono.. não curto.
  • os chineses já dominaram o mundo, então porque La Coruña ficaria de fora? Eles estão por toda a parte, com suas lojas que mais parecem mini-shoppings: lá eles vendem de tudo, desde eletros até roupas.
E também existem algumas coisinhas que podemos ensinar para o povo de cá, como:

  • a não fumar. Sério, eles fumam demais.. verdadeiras chaminés ambulantes. E deixam o cotoco do cigarro por toda a parte da cidade, nos chãos.. basta olhar! Enquanto no Brasil dizem que este hábito está diminuindo, por aqui não é bem assim;
  • a beber um pouco menos. Aos jovens, especialmente. Aqui eles bebem não somente para ficarem alegres e felizes.. mas para ficar mal de verdade. A maioria fica sempre muitcho louca, #napior. Eles misturam tudotudotudo, e depois só se ver merda na rua: gente jorrando vômito, gente tentando jogar gente no lixo, gente brigando com gente.. E aqui tem um detalhe: se o segurança do bar ou boate ver que você está bêbado, eles não te deixam entrar, então muitas vezes os bêbados arrumam confusão com isso. 
  • a serem um pouco menos "cabeças duras". Isso irrita... a maioria das pessoas aqui está acostumada a fazer uma coisa sempre do mesmo jeito, e se você tenta mostrar uma maneira mais simples, elas não aceitam.. vá entender!
  • a terem um pouquinho mais de higiene. Sabe aquela história de comprar o pão e o padeiro pegar no seu pão e no dinheiro com a mesma mão? Pois é, rotina aqui. Eu já consigo beber água de qualquer torneira, mas tenho que me adaptar aos poucos com esses costumes..

Por enquanto é isso :) Outro dia eu volto a encher vocês mais com as semelhanças e diferenças entre minhas duas cidades. O que acharam das coisas comentadas acima? Quando eu lembrar de mais coisas, volto a falar aqui! Um beijo. 

Aurélio

Já são mais de 50 dias em terras gallegas, dentro dos quais além da aquisição de novos amigos e experiências, além de praticar o espanhol e de desaprender o português com o gallego, já adquirimos também um vocabulário próprio no nosso apê zalaeta 20: uma lista de frases e palavras que nós 4 repetimos a todo o momento. Algumas são frases de outras pessoas, que ficam e são usadas desde então, outras são apenas palavras ouvimos de segundos e terceiros, e garramos como nossas. Umas foram ditas por pessoas tão engraçadas, que a gente não tinha como deixar passar (6, 7, 8, 13, 14....) Algumas também já estão na boca dos Erasmus  por conta da convivência com a gente(1, 2). A segunda, especialmente, muitos já falam de livre e espontânea vontade quando estão com a gente, e com os sotaques mais engraçados. A número 10 é a frase que mais ouvimos na Espanha. Aqui, não passa nada nunca. E ainda mais para nós, que somos Erasmus. I'm sorry, I'm Erasmus. E outras, quem diria, vieram da Bahia mesmo... essas compartilhamos o uso com os meninos de Santiago de Compostela, durante os dias que passamos juntos (1,2,4,5, 15) 

Segue uma prévia do nosso vocabulário diário - não em ordem de uso, mas sim de lembrança!

A maioria deles tem uma boa história por trás...

1. Não tá fácil pra ninguém!
2. Eita, porra!
3. Oueeeeeeeeeei! *epic win
4. Infantilidade
5. Diferenciado
6. "Mariana, de hoje você não passa" 
7. "Larissa, você só fala asneira!"
8. "Quando eu vejo Poder Paralelo, meu coração.. acelera!" *epic win
9. Bryndzové Halusky (pesquisem no google)
10. No pasa nada!
11. Vai vai vai.. vem vem vem
12. "Você é minha Jade.. e eu sou seu Lucas" (ou Tarzan&Jane, Superman&Mulher Maravilha, entre outros)
13. "El gato tiene 4 patas" (quando os erasmus não sabem falar espanhol, dá nisso!)
14. "Chupiiiiiiito!"
15. Desrespeita
16.#napior (quase sempre)
17. Fazer "Nada" (verbo adquirido após conhecer umas baianas por aqui..)
18. Havainas (adjetivo adquirido pela fama das brasileiras)
19. Se amar, o verbo. (verbo conjugado em todas as formas quando desafiamos o perigo do frio)
20. Vai ter mala na porta de casa. (diretamente pro méxico!)

Isso sem falar em alguns gestos, como o já incorporado "meia - boca"...

É...  a Bahia já não tem poucas frases.. lá vamos nós voltar com mais.. e o pior, que só a gente entederá!
 

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